Saturday, April 30, 2011

Na minha família até os magros são gordos.
image from: Crack-up 1946.
De volta pra casa, e atendendo pedidos(e uma certa pressão), fui pra cozinha fazer uma sobremesa deliciosa que modestamente deixa o povo louco: A minha versão adaptada da popular Eaton Mess.
Eu acordei cedo pra assistir ao casamento na TV, que eu liguei pela primeira vez em meses. Não que eu ligue pra família real ou pra monarquia inglesa. Mas adoro todo o ceremonial, a pompa, o conto de fada que os ingleses são absolutamente geniais ao orquestrar. O vestido da noiva arrasou e deu uma força pra moda inglesa que anda bem precisada nesses tempos dificeis. Tudo muito bonito e bem executado e até mesmo um certo ar intimista e relaxado na cerimônia e um ar super romântico entre os noivos, que parecia ser sincero e honesto ou sou eu que compro qualquer conto de fada barato? Nem precisam responder... Victoria Beckam? Elton? Tara PT? Francamente eu sou mais a Joss Stone que tava bem bonitinha. Tudo certo, tudo bonito e a popularidade da monarquia subindo feito balão. Supermegasoapopera. E Lilibeth vestida de gema de ovo? Coisa linda.
E depois da TV eu fui pra ruas ver as festas. A cidade inteira celebrando, gente fantasiada, gente com bandeiras, todos se divertindo horrores. Eu adoro essas coisas assim bem populares, alegres, barulhentas, vulgares, eu nunca sequer fingi ser cool minha gente, francamente. Lá fui eu pra rua, pros braços do povo. Os Parques todos lotados, as ruas cheias, centenas de milhares. Voltei exausto, mas com os olhos ainda cheios de todo o colorido. Até a chuva, que estava prevista com hora marcada, resolveu não aparecer pra atrapalhar. Pra quem quiser tem umas fotos no meu flickR ali do lado.

Ps. As minhas fotos são bem ruinzinhas, mas eu adoro.

Thursday, April 28, 2011

A cidade enlouqueceu.
"Ninguém me ama, ninguém me quer, ninguém me chama de Baudelaire." (Antonio Maria)
Assim, assim, assim... Nada realmente por fazer aqui no trabalho, esperando as horas e contando os minutos. Fome. E parece que vai chover na horta real. Os loucos todos já acampados na porta da igreja. Enfim, um conto de fadas pós moderno, um verdadeiro circo. Brigitte Bardot é mesmo uma criatura adorável. Se eu fosse rico tudo ia ser tão mais fácil. Cinema. Tenho que ver a tal da Pina e o Rio, anotado pro fim de semana. Eu sou uma pessoa complicada mas doce, podem acreditar. Tanta bobagem nesse mundo. Tudo pode acontecer, inclusive eu.

Tuesday, April 26, 2011

E como já disse a grande  filósofa gaulesa Dame Shirley Bassey:  It's just a little bit of history repeating...
image from: tumblr.
... e não sou tão ruim quanto penso. Sou um cara inteligente, criativo e engraçado. E modesto. Lamentável não ser fisicamente bonito, mas isso se compensa com baldes de charme.
Eu fui ao dentista e fiz uma obturação sem anestesia. E quero ver a Pina Bausch 3D do Wim Wenders.
Essa semana de apenas 3 dias, espremida entre dois feriados dos longos, é mesmo uma chatice. Ter que ir trabalhar tem sido um saco, ninguém aguenta mais isso, todos loucos pela quinta-feira. A cidade absolutamente lotada de turistas, gente já acampada na porta da Abadia de Westminster pro tal do casamento do século, que exagero, enfim, tudo assim  nesse clima de ninguém sabe... A minha semana começou estressada no trabalho, com o meu middle manager aprontando uma merda daquelas espetaculares. Eu fui me estressando e quase que falei umas verdades pouco construtivas, mas a minha meditação tem tido efeito e eu me lembrei de que somos todos humanos e todos fazemos merda, uns mais que os outros, mas que no final das contas, se a gente não tem delicadeza para com os outros e tal. Mas ele bem podia colaborar e fazer ajudá-lo ser mais fácil. Lá vamos nós...

Monday, April 25, 2011

image from: tumblr.
As piores crueldades são aquelas cometidas em nome da bondade. A bondade, essa palavra toda virginal e inocente, vez por outra também mostra suas garras sangrentas.
Eu fui pra academia e depois fui andar uns 20Km, as coisas aos poucos vão entrar nos eixos. É o sol aos poucos sufocando os fungos e os animais de escuridão que me habitam nos tempos cinzentos e frios.
A minha meditação anda melhorando. É preciso mesmo ser paciente e perseverar que a qualidade melhora de uma maneira visível. O meu aquário/cabeça vai ficando cada vez mais claro, cristalino e eu começo a gostar até de ficar observando a mente desesperada tentando me distrair, o que é muito instrutivo. Preciso aprender a ter uma certa disciplina, um certo senso, um foco, uma direção. Eu vou gostando, gostando, gostando.
E que se fodam todos. Eu sou da paz.
A Duquesa de Deptford e sua "amiga íntima", a ex manequim francesa Josephine, chegaram hoje de surpresa e uma semana antes do esperado pra terminar de vez com meu sossego. Voltaram, se isso for possível, com mais malas do que foram, o que deve ter deixado a Bahia sem estoque de balangandãs.
Ninguém menciona o assunto, claro, mas tenho absoluta certeza que vieram na esperança de um convite pro casamento real, o que é claro que não veio e não virá, Lilibeth nunca gostou de lésbicas, mesmo as mais chic, quem frequentava esses meios era sua falecida irmã mais nova, que era mesmo do barulho. Enfim, elas ao menos terão o consolo de saber que nem mesmo a Duquesa de York, a espalhafatosa e trambiqueira Sarah Ferguson, conseguiu um convite, nem mesmo pruma mesinha mais discreta lá pelos fundos. Coitadinhas... Décadence sans élégance.

Sunday, April 24, 2011

by Ai Weiwei for Tate Modern.
Um dia feliz e contente. Sol, brisa, gente feliz pelas ruas, camisetas, shorts, flip-flops. A cidade anda cheia de gente, multidões coloridas pelas calçadas, parques, jardins, beer gardens. Eu fui andar com meus pés sem direção, aquele mesmo itinerário de sempre com o sol... Quanta diferença a luz me faz na vida. E lá fui eu pelo Columbia Flower Market, Brick Lane(onde não dava pra ninguém se mover de tanta gente), South Bank, Tate Modern e coisa & tal. Na Tate eu fui ver as sementes de girassol do Ai Weiwei que anda desaparecido na China, uma verdadeira falta  de vergonha do governo chinês que oprime o próprio povo e o mantém na ignorância. O governo chinês anda tomando o mundo de assalto econômicamente, mas ainda precisa se civilizar e parar de aterrorizar os inimigos políticos. E o Tibet??? Tirem as patas sangrentas do Tibet seus tiranos trogloditas. Foi o sol que me esquentou a cabeça e fez de mim um passionário. E falando sério, vou me oferecer pruns serviços voluntários no  Terrence Higgins Trust.
Eu gosto dos meus olhos porque eles mudam de cor.

Saturday, April 23, 2011

By Alexander MacQueen.
Lady Diana Spencer deve estar às gargalhadas lá no seu luxuoso mausoléu.
Lá no fim do mundo, naquele século da minha infância infeliz, haviam ciganas com dentes de ouro e panelas de cobre, circos no quintal, rugidos leoninos no meio da noite e elefantes na varanda. No fim do mundo haviam chuvas torrenciais e barulhentas, raios assassinos, cheias, inundações. Na minha infância infeliz haviam folias de reis e seus palhaços monstros. No fim do mundo o bumba meu boi passeava pelas ruas com seus guizos e sinos, suas franjas acetinadas e pele de chita. A minha infãncia infeliz era misteriosa e colorida. A minha infelicidade é desesperada e sedenta por cores, mistérios, por qualquer magia. E gosta de dias de sol e brisa pela casa.
Calor 23. Janelas abertas, brisas pela casa, os resquícios de sol na pele, tudo quase feliz como em todos os dias quentes. Eu, como sempre fui andar com música nas orelhas, andar, andar e andar, na cidade labirinto sob o sol, eu que me perco à toa, não sei entender geografia, pontos de referência, pontos cardeais, bússolas, satnavs. Eu e os meus desvios e devaneios por aí, pelos salões, pelas calçadas. É que pra saber de direções na vida, precisa-se de um centro firme e eu nunca tive porto, nunca tive chão, o mundo sempre ameaçando desaparecer sob meus pés por qualquer motivo e eu sem nenhum controle, vida à deriva sem colete salva-vidas. Eu não vou reclamar, embora tudo isso ainda doa, mas de alguma maneira eu estou aprendendo gostar de ter uma vida assim por aí, sem chão, sem casa, nunca sabendo onde isso vai me levar. Lamúrias de lado, queridos*, isso virou estilo de vida, thank you.

* Não faz mesmo nenhum sentido apontar o dedo.

Friday, April 22, 2011

image from: beautiful delicate people.
Eu não me importo com grana. Eu quero é ser feliz.
Nos últimos tempos eu tenho começado a intuir, ou ver, lá no futuro muito distante, que eu posso ser um velho muito interessante. Eu sempre fui fascinado pela velhice, quando todas as peles já estiverem arruinadas, quando aparência física não fizer mais a mínima diferença e o que sobrar seja apenas a soma daquilo que se viveu, que se viu, que se sofreu, que se foi feliz. E quero ser um velho calmo, pacificado com todos os meus dramas, tranquilo, quase sábio, sem todas as ansiedades da minha vida. Eu fui uma criança extremamente infeliz, um adolescente vítima de todo tipo de abuso, rejeitado, incompreendido, um jovem desamparado. Agora, aqui na meia idade, eu sou um homem que não fez, que não achou, que ainda anda por aí à procura, uma criatura que ainda tenta fazer paz de todas as suas dores, ainda aprendendo à jogar fora coisas e pessoas que não merecem o bom de mim. Mas eu sei que vou ser um velho legal, uma criatura quase iluminada, finalmente em paz. Se o futuro for mesmo assim, eu quero. E vou. Só preciso aprender sobreviver até lá.

Ps. É o que dar ouvir a O. na vitrola.
image from: sadanduseless.
Eu morro de vergonha, mas preciso confessar que  ando escondendo um segredo.
É um alívio tão enorme essa semana ter se acabado. Eu já não podia mais suportar. A vida anda tão podre no trabalho que eu decidi não falar mais no assunto. Get a move on. Então, Oxford Street pelo fim da tarde, inferno apavorante, formigueiro Serra Pelada, a cidade cheia de turistas pro tal do casamento, verdadeira delícia não poder se mover pelas ruas. Eu nunca fui turista na vida.  E ontem, de novo, revi o Talk To Her, o filme do Almodovar de que pouca gente gosta mas eu amo, assim como Mr. Allen que eu adoro e acho bom mesmo quando ruim. E tem a Elis na cena mais bonita. Aqui faz um calorão, minha gente, um sertão. Comprei umas camisetas e agora é assim: Pra cada coisa nova uma vai pro lixo ou pro charity shop dos budistas ali do lado. Eu continuo engordando e tenho medo de explodir, Saramandaia.

Wednesday, April 20, 2011

Barulho de ventilador. Eu tenho saudade de barulho de ventilador, do som consolador e morno da hélice cortando o ar no verão.
8 da noite e eu ainda aqui no trabalho. Aquela coisa: Eu podia estar roubando... eu podia estar em casa descansando, mas aqui estou, no trabalho, 8 da noite...
image from: Super Punch.
                                                            
O doente imaginário:
De uns meses pra cá, a minha cara resolveu ficar inchada do lado esquerdo, sem nenhuma razão aparente. Eu não estava ligando muito, achei que ia passar, mas não passava. Achei que podia ser dente e me mandei pro dentista, que disse não ver nenhuma razão odontológica pro caso, fui pra higienista fazer uma faxina geral na gengiva e ela também não viu motivos pro inchaço. Já um pouco tenso, eu tentei marcar a Doctor Taylor, mas só tinha horário depois do casamento real. E ontem eu acordei como uma vítima de um derrame, com o lado esquerdo do rosto inchado,  paralisado e com o olho caído e esquisito. Claro que eu baixei no consultório assim homem elefante, aleguei urgência e a pobre Doctor Taylor foi forçada me ver. Ela que normalmente é um amor apelou pro deboche e disse que nem tava tão inchado assim e que eu tava num pânico sem razão. No final das contas ela disse talvez ser alguma infecção, me receitou um antibiótico e me encaminhou prum especialista em pescoço e face(eu nem sabia que existia isso, ou será apenas o bom e velho otorrinolaringologista?). Então eu comecei o remédio ontem e miraculosamente acordei lépido, faceiro e desinchado. Eu acredito piamente nos poderes da alopatia e acho pílulas, tabletes e xaropes  em geral uma delícia.
Aqui no trabalho já rola um certo clima, um certo desespero de feriado longo, ninguém aguenta mais esperar por amanhã ao fim do dia. E eu mais do que todo mundo. E coloquei plantas trepadeiras  na janela, pra surpresa de alguns, que vieram me perguntar se estou com saudades do Brasil( also known as The jungle). Fiquei na dúvida se mandava pra PQP ou levava em tom de bom humor. Ainda não decidí, portanto, o próximo a fazer um comentário engraçadinho estará se arriscando a levar coices e patadas. Happy Holidays everyone!!! Merry Christmas!!!

Tuesday, April 19, 2011

Sim? Não? Talvez? De jeito nenhum? Quem sabe?
Calor, calor, calor, vamos pra praia, 25 graus é terra em transe. Eu ia, mas não vou mais. No caminho de volta do trabalho fui lá na Doctor Taylor e ela vai me atender no fim do dia. Melhor prevenir que blá blá bla. Dois feriados enormes com 3 dias espremidos no meio. Eu quase vou pra Paris almoçar no sábado, mas não rolou, Eurostar lotado. Eu adoro fazer assim e ir pra Paris e voltar no mesmo dia. Fui ali em Paris almoçar e já voltei... Adoro, amo, quero mais. Next time.

Monday, April 18, 2011

image from: tumblr.
Algumas vezes é preciso se esquecer da linha de chegada pra se começar a caminhar de verdade. Caminhar com os pés, os olhos, o coração.
Os dias andam caóticos, tumultuados. Trabalho, dores, grana, vida, morte. Mas eu ando contente porque tenho achado tempo  de ir meditar. Meditar fica cada dia mais proveitoso. Claridade. Eu hoje comecei entender que, sim, meditar, na maioria das vezes, é uma verdadeira batalha, mas que se eu parar de olhar pro resultado que eu desejo, pro objetivo, e começar a tentar absorver e gostar e entender a luta, a luta em si pode ser absolutamente fantástica, bonita, reveladora. Algumas vezes a minha meditação é puro desespero, mas o desespero também pode ser das coisas mais iluminadoras.
Além de inteligente, articulada e competente, ela tem um nome que é mesmo uma coisa linda. Este Kabaret virou fã da professora Gilberta acselrad.

Sunday, April 17, 2011

By Graydon Sheppard.
Andei me lembrando de 1993.
Outro dia eu falava muito mal do Tom Hanks com uns amigos. Nunca gostei dele, chegava mesmo a evitar os seus filmes, que nunca foram mesmo da minha praia. Mas ingrato eu nunca fui e ele tem a minha gratidão eterna pelo Philadelphia. Era só pra deixar isso bem claro. E ele mandou muito bem no filme, interpretação delicada e cuidadosa.
Nem me lembro mais quantos meses eu estou sem ver TV.  Me sentindo um pouco menos intoxicado dos venenos desse mundo moderno, embora ainda falte muito pra me livrar de outras coisas como internet e coisa & tal. A TV ainda está aqui no meu quarto, pra sempre desligada e sem me despertar a menor vontade. Qualquer dia vai pro lixo.
Atenolol, Amitriptyline, Buscopan, Anadin Xtra, bolsa de água quente. Domingo no parque. A tal da IBS voltou amarga vingativa e eu tenho todas as dores imagináveis e mais uma rinite que não me deixa parar de espirrar. Fossem esses dias normais, eu nem ia trabalhar amanhã, mas... Ao menos tenho o consolo da semana curta com feriado na sexta e na segunda e de novo na outra sexta. Casamento real, tumulto, a cidade em polvorosa. Os ingleses fingem que nem te ligo pra realeza, mas em ocasiões como essa a máscara cai e todo mundo fica histérico. Enquanto isso eu fico aqui com a Jazz FM e tentando ler o Jack Kerouac se a dor de cabeça permitir. Eu quase não saí de casa esse fim de semana, retiro, recolhida, descanso. E meditei todo dia, o que faz uma diferença enorme na vida. Amanhã tem mais, todo dia tem mais. Eu quero ter um olhar limpo cristalino. E depois dos feriados todos, lá no mês que vem, eu vou baixar na Doctor Taylor dar uma resmungada. Dor crônica é mesmo um horror. Vou começar a fazer uma jornada de descoberta espiritual, nada de religião, mas... Existe um caminho e antes do caminho existem as pedras. Lá vou eu.

Saturday, April 16, 2011

... e de repente, do caos se fez luz e Deus criou o Spaghetti Bolognese.

Friday, April 15, 2011

image from: I need a guide.
Agora eu vou ficar aqui ouvindo o Piazzolla e pensando nas origens do tango, do tempo em que só casais de homens o dançavam,já que as mulheres não podiam participar da obscenidade. A ironia.
PS.Mas ela dança o tango, mulher sem pudor.
Pouca coisa me irrita assim, mas eu realmente tenho pouca paciência pra tucanada, pro PSDB, pra chamada elite intelectual brasileira, que tem até uma fachada moderna anos 50 mas na verdade vive da mofada política do cabresto eleitoral. O papa dos emplumados, o exemplo de modernidade FHC, tão moderno que tinha filho bastardo  escondido como bom e anacrônico macho latino(não que eu ache que a vida pessoal interfira na política, é só um exemplo da hipocrisia), anda ensaiando voar novamente, batendo frenéticamente as asinhas e tentando decolar com um empurrãozinho amigo da classe média, que nem pensava em poder fazer seu turismo na Europa nos tempos do governo tão generoso do Grande Tucano Chefe. Francamente. Eu ia citar a Clarice aqui, mas ela não merece.

Thursday, April 14, 2011

image from: fuck me like the whore I am.
Na vitrola é Copacabana 1952. Aqui fora is London London século 21, quem diria. Parece que ainda ontem eu tinha 7 anos lá no fim do mundo. Eu ainda estou acordando pra minha vida, agora no segundo tempo que no primeiro eu não joguei nada bem, perna-de-pau. E o time adversário só tinha gênios da destruição. Nada não.
Cheguei em casa hoje exaurido, precisando recuperar o sono não dormido da noite passada pra sobreviver até o fim do dia de amanhã. Então fui pra cama imaginando siestas em Barcelona mas essas coisas são difíceis comigo, uma guerra, um eterno rolar na cama, um tudo me alerta & tal. Quase dormindo e o celular toca e arruina a minha existência: Gente da cia telefônica rival da Orange me oferecendo o paraíso e um smartphone grátis se eu mudar pro lado deles. A proposta até que era muito vantajosa e barata e blá, mas eu fui violentamente sacudido do meu semi-sono e reagi muito mal, assim uns gritos de não se atreva me acordar de novo vai pra casa do caralho seu cretino. E anger management é a puta-que-pariu. Outro dia morri de rir quando um outro desses vendedores me ligou 300 vezes até eu dizer contrito que a pessoa que ele procurava havia morrido súbitamente na semana anterior. O silêncio do outro lado da linha foi significativo. As estribeiras, onde andam as minhas estribeiras? Perdi, não sei, deixa pra lá. Eu tenho vinagre a me escorrer nas veias.
Eu nem devia estar aqui, mas que se dane. Sabe aquele cansaço que é tão grande que não se consegue dormir? Então, tô sem sono nenhum. Nem vou tentar, vou dar um tempinho pras águas se acalmarem no aquário. Placidez, calma, calmaria. Pensar em lagos azuis, águas cristalinas, peixinhos dourados. as if....
E uma coceira insuportável no couro cabeludo. Jantei galinha D'Angola, Purée de ervilha com hortelã e batata Dauphinoise, Lady K é mesmo um absurdo na cozinha, quase um milagre. Eu tenho uma certa intuição de um dia bom amanhã. Não meditei, não tive tempo blá blá blá. Legal a Catherine Zeta Jones ter liberado que se internou pra tratar da tal da bipolaridade. Dos distúrbios mentais, das doenças psíquicas, ninguém precisa mais se esconder nos tempos atuais. Aliás, ninguém precisa esconder mais nada nesse mundo, nada que seja humano causa mais embaraço, somos todos loucos nesse século estranho e esquisito. Fazendo o menor sentido... 

Wednesday, April 13, 2011

Tô aqui, no trabalho, desde as 7 da manhã até as 11 da noite. Nem vou fingir que é engraçado. É que me largaram aqui sozinho por 1 mês e foram todos de férias. Tomara que chova!!!

Tuesday, April 12, 2011

By Ruud Van Empel.
Nem precisa me dizer, eu sei, nem eu ando me aturando muito. Mas eu ao menos não faço vítimas.
Eu compro bananas. Eu volto ao supermercado, esqueço e compro mais bananas. No dia seguinte, na volta do trabalho, eu passo no supermercado de novo e compro ainda mais bananas. Overdose. Carmen Miranda. Sabe-se lá. No trabalho hoje fudeu amanhã. BB é a criatura mais incompetente e louca. Eu ando estranhando a meditação, mas mesmo quando é ruim é bom. E lá vou eu todo dia todo dia todo dia. Eu queria ter grana pra vida ser confortável sofá de veludo roxo. Reler todo o Nelson, um dia. Empada de palmito. Quando fui na Italia eu encanei com Bergamo, não importa onde eu vá eu sempre encontro Niterói. E as favelas cariocas? Todos felizes e contentes? Ora francamente eu nunca fui difícil. E vendo bananas. Moço bonito leva De Grátis.

Monday, April 11, 2011

Eu preciso segurar a onda, não deixar que o fracasso me suba à cabeça.
Voltei a meditar desde sexta. E tem sido complicado, pra dizer o mínimo. A minha cuca é um tumulto, a concentração é um bicho escorregadio, o caos não pede licença. Tem sido uma luta, mas eu vou continuar. Porque eu sinceramente acredito na meditação como instrumento de mudança, como uma janela pros tumultos interiores e fonte de iluminação. A minha vida precisa de luz urgentemente, cansei de viver na escuridão e na ignorância. Tem sido complicado voltar a meditar, mas também tem sido bom.
Acabou-se o tempo bom, tragédia, eu estava adorando ser uma criatura ensolarada, o inocente. Claro que a chuva voltou, pra me lembrar que pode ser primavera, mas a cidade continua a mesma, isso aqui não é Ipanema não. Eu me empolgo todo com dias claros, viro outra criatura, e tava me encharcando de vitamina D feito uma esponja. Over. Eu envelheci demais nos últimos anos, na carcaça,  por dentro eu sempre tive 397 anos. Agora eu me olho no espelho e o tempo passou, se foi, rugas pelos cantos da cara, a pele sem a mesma elasticidade e brilho, o tempo passou dentro de mim, células, átomos, biologia. No espelho eu vejo um homem simpático mas estranho, esse não sou eu. Talvez seja apenas cansaço das dores todas, da solidão, do sangue ácido e corrosivo correndo nas minhas veias. O que será  de mim?
Enquanto isso, no trabalho, o meu outro colega, mister M, se manda de férias por 5 semanas e me larga na mão ralando sozinho.

Sunday, April 10, 2011

By Rafa Jenn.
   Victoria Park. Sol, brisa, gente feliz. Eu gosto de me sentir assim estrangeiro e só. E gosto de coisas que eu possa fazer sozinho, como ir prum parque qualquer da cidade ou ir ao cinema no meio da tarde em dia de semana. Eu tenho poucos amigos e não os suporto(Embora os ame todos).
   O Victoria Park anda em obras, o lago seco, grades e tapumes pra todo lado. Mas ainda tem a grama verde, as árvores, o Regent's Canal e o povo todo de bermuda & camiseta. Uns tocando violão, outros jogando futebol , adolescentes fumando seus spliffs e eu pensando na vida. Bom ficar assim aqui na grama, os sons do estranho ao meu lado tocando banjo.
   Eu abro a minha toalha na grama morna e vou sonhar com uma vida exótica, diferente. Imaginar viver num barco ancorado no Regent's Canal, eu e o meu futuro cão, o Teotônio. Os meus sonhos costumam se realizar, sou eu quem os sonho errado.

Saturday, April 09, 2011

...e algumas coisas na vida são mesmo inexplicáveis, como  Reese Witherspoon ser estrela de cinema.
"Se eu não tenho um um script que eu adore,  eu filmo um que eu goste. Se eu não tenho um script de que eu goste, eu filmo um que tenha um ator de que eu goste ou que me que ofereça algum desafio técnico." (Sidney Lumet)
image from: nonclickableiten.
O meu ouvido é delicado, e hoje, em algum lugar, uma voz disse a palavra que é como a lâmina de uma navalha: Víveres! Ora, ora, ora vejam vocês, víveres.
Eu só sei andar sozinho por essas ruas.
Uma preguiça tão grande, uma vagarosidade pra tudo, um certo desmaio no ar. Eu me arrastei pra meditar, agora em casa mesmo porque não adiantam mais desculpas e eu posso perfeitamente etc... Um sol muito mais que lindo lá fora, calor, multidões. Eu tentanto me convencer me mandar pro Victoria Park ver as novidades. E fui, assim muito rápido e no fim da tarde, nem dei umas voltinhas de verdade, foi só pra dizer que saí de casa, vi a cor das ruas. O que comer? Muesli no café, cheese on toast pro almoço, sorvete de chocolate. E vou ficar com fome de novo e não sei o que fazer, não quero comer besteiras. Um vinho branco. Desânimos de sábado à noite.

Friday, April 08, 2011

image from: Donnie Darko.
E fui pro Buddhist Centre na hora do almoço. 45 minutos meditando e o mundo fica um lugar melhor e eu uma pessoa menos. Ainda não dá pra ver a luz no fim do tunel, mas já se enxerga uma certa penumbra. Meditar clareia.
Que ninguém venha me dizer que estou justificando massacres. Mas sempre que acontece uma tragédia como essa do Rio, fica sempre, no final das contas, assim como um detalhe menos importante ao pé da página, o fato do assassino ter sido vítima de bullying. Essas tragédias todas são mesmo horrendas, mas a gente nunca aprende a lição que é prevenir a ocorrência do bullying em qualquer circunstância, educando professores, assistentes sociais, médicos e sobretudo famílias, para que saibam perceber, prevenir e sobretudo apoiar as vítimas, que na sua maioria são crianças, crianças que estão sob o risco de ter suas almas, seus corações e suas vidas cruelmente destruídas pra sempre.
Quem quiser que discorde, mas eu fui vítima dessa monstruosidade e sequer tive apoio de uma família pra segurar a onda. Eu não estou justificando nada, apenas dizendo que eu sei o tamanho insuportável da dor e o quanto ela pode nos tornar desumanos. Esses assassinos não são monstros, são tão humanos e vítimas quanto os outros inocentes mortos, e já haviam morrido muito antes de começar a matar.

Thursday, April 07, 2011

Bananas, supermercado, pêras, tomates, alface, arroz, carneiro moído, sprite. O meu fim de semana chegou mais cedo e eu quero virar bicho preguiça. Vou fazer absolutamente coisa nenhuma, no máximo uns DVDs do Mr. Herzog que ainda tenho que ver, um livro pra ler e a Vanity Fair de maio que eu já comprei pra anestesiar meu cérebro. Nada nada nada. Já vou pra cozinha fazer cogumelos com uma receita que acabei de inventar e vou esquecer assim que fizer, nem mesmo isso, porque tudo é esforço e tudo ocupa espaço. Memórias demais, information overload. Música. Vou por o Djavan na vitrola.
O povo reclama. E os conservadores querem destruir. Mas o sistema de saúde pública inglês nunca me deixou na mão e olhem que eu adoro médicos e exames em geral. Tô voltando agora do Mile End Hospital onde fui fazer uns exames de sangue e  fui tratado com toda a simpatia e atendido em menos de 5 minutos(sem eu ter marcado antes).  É por isso que eu defendo o NHS(National Health System) com unhas e dentes e eles podem contar com o meu apoio na campanha pra não deixar o governo da coligação conservadora/liberal sucatear uma das melhores instituições desse país.
O resto é o resto:
___ Good morning Sir. My name is Butterfly Needle.
___ Nice to meet you Butterfly.

Wednesday, April 06, 2011

O tempo e eu: Uma foto por dia todo dia... A qualidade das fotos vai ser sempre meio capenga, a câmera do meu celular é mesmo uma bosta, mas o importante não é a qualidade técnica da foto e sim o tempo passando nem sempre tão lentamente assim, tic tac, tic tac.                     
A única coisa que me importa no chatíssimo Royal Wedding é o feriado extra pra celebrar.
E fez um calor da caatinga, 20 graus no West End, o que é quase um apocalípse. E pude terminar muito cedo no trabalho e me encontrar com o C, que me esperava já com o vinho gelado nas gramas acetinadas da Soho Square. Um chinês de caixinha completou  a tarde preguiçosa. Um céu azul forte, sem nuvens, uma brisa boa e morna. Uma multidão pelas ruas e praças e parques, todo mundo celebrando o dia quente de sol. Éramos eu e o C, mas lentamente foi chegando gente e viramos um pequeno tumulto. Eu sofro de claustrofobia e muita gente eu fico  me deixa eu quero sair daqui. E não gosto da chatice de me despedir das pessoas, eu vou ali e volto já... para nunca mais ser visto. Calorão, calorão, calorão. Agora é uma lentidão enorme, tudo slow motion total, tudo meio ai que saco isso gente. Amanhã rola hospital de novo, agulhas, sangue, elástico, uniformes azuis. Partindo de agora eu só bebo Pimm's ou Sangria e vou ouvir e dançar o chá chá chá.

Ps. Incluindo Wine Spritzer na minha lista de bebidas pro calor.

Tuesday, April 05, 2011

O que enlouquece é aquilo que dá vontade.
image from: sail to the moon.
A higienista do meu dentista tem uma mão extremamente pesada, um humor pustulento e um sadismo de vilão de filme B. E eu ontem suportei tudo calado pra não despertar desejos de vingança na criatura, que sempre me acusa das piores nojeiras possíveis. Qualquer dia desses eu vou mandar ela calar aquela boca, fazer o trabalho que eu pago pra ela fazer e ao menos forçar um sorriso, mesmo falso.
Esse trampo que eu arranjei anda acabando comigo. Em muitos e diversos sentidos.
Eu tenho coisas, manias, costumes, birras, embirros, teimosias. Coisas que herdei daquele povo antepassado e velho, coisas com cheiro de morte e naftalina. Coisas difíceis de se erradicar, matar, dissolver. Mas a mesma teimosia faz com que eu continue tentando, mesmo sabendo que é melhor deixar pra lá, esquecer, apagar. Eu nunca vou pedir satisfações na vida, nunca vou cobrar responsabilidades, apontar crimes, abusos, desrespeitos. A vida é como ela é, ou melhor, como ela foi. Quem passou por mim e destruiu ficou lá atrás com muito lixo velho. Eu não tenho mais tempo nem a menor vontade de resolver velhas questões. Eu não carrego culpas. Eu as deixo nos ombros de quem as possui e elas deixam de ter qualquer efeito em mim. Eu quero mais é o carinho dos meus amigos e o prazer dos meus discos e livros.

Saturday, April 02, 2011

A pálpebra esquerda trêmula descontrolada. Um soluço no olho.
image from: wiredscience.
Voltando pra casa, depois de um dia canino, ontem, eu decidi contar o número de pessoas interessantes que encontrasse pelo meu caminho, pelo metrô, pelas ruas, no ônibus. Eu invento coisas pra me distrair dos horrores dentro de mim. O triste foi ter terminado a contagem sem sair do lugar: ninguém interessante cruzou os meus caminhos de volta pra casa ontem. Ou talvez tenha sido o meu humor cansado me obscurecendo a visão.  
Eu acordei tarde, tomei meu café e voltei pra cama, sem dormir, música baixinha me fazendo carinho no ouvido, o sol lá de fora tocando suave a minha pele através da janela sem cortinas. E ruídos da vida do outro lado, passos, vozes, o som da borracha dos pneus no asfalto da rua. Eu quero ficar aqui assim, caixinha de música. Na vida existem alguns poucos confortos, como vinho, comida e música. Eu gosto de vinhos caros, comida simples e música sofisticada. Literatura. Então eu vou ficar aqui na minha caverna, casca, no interior de mim, o comovente Robert Wyatt na vitrola e um aveludado Saint-Emillion me escorregando lentamente pela língua, garganta. No fundo do meu coração eu sou sempre assim: Quase feliz. E triste.

Ps. Os vinhos caros são uma audácia de pobretão, a realidade, se eu fosse respeitá-la, não me permitiria esses arroubos.
___ Oi... te acordei?
___ Não, eu tô numa festa.
___ Então tá, tchau.
___ Tchau.

Friday, April 01, 2011

Eu ia contar que a semana no trabalho foi um inferno, que trabalhei horas longas insuportáveis, que o nosso "middle manager" ameaçou se demitir hoje na nossa reunião semanal, que me acusou de ser inútil. Mas não vou contar nada disso. Essa semana vai ser esquecida já, agora, imediatamente. E nem vou mencionar o drama do celular esquecido. Vou mais é ficar aqui, com uma música suave na vitrola e uma garrafa de um vinho muito bom. Feliz Natal!