O problema é que a felicidade mora ao lado. É sempre vizinha, sempre ali depois do muro, com seus jardins suspensos cheios das flores mais exóticas e suas cascatas de águas tépidas relaxantes. O paraíso também pode ser os outros. Ou dos outros.
Aqui no meu barraco em London Town é sempre almost, sempre maybe, sempre if.
Eu boto uma música na vitrola, decoro quartos e salas imaginários com paredes coloridas e muitos quadros pendurados e invento o meu próprio Xangrilá, meu oasis, minha terra prometida. Mas meus castelos são de areia e tudo o que é sólido se desmancha no ar. Bem ali, na minha frente. E eu ando exausto de reinventar meus sonhos. Eu ouço jazz, samba e rock & roll, mas à minha volta a vida é sempre uma opereta,um dramalhão de circo esfarrapado, com cantores tristes desafinados, buzinas, britadeiras e tráfego pesado.
Eu vivo à espera de algo sensacional. Que nunca virá. Mas é que essa idéia é tão atraente e sedutora que eu sempre me deixo sucumbir. Caso contrário só me resta aderir à orquestra dos mortos-vivos pra ensaiar a sinfonia da abertura do inferno. Que sou eu.
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