Sunday, November 20, 2011

Quando eu quero morrer, quando quero matar, quando nas minhas veias fracas e corroídas correm ódios, rancores e mágoas, quando até mesmo a idéia do Leblon no fim da tarde é pouco pra atenuar o desespero, quando da janela só se vê cinza, pressa, desorientação e desânimo, quando nada absolutamente nada eu disse nada quando nada me dá alegria, quando a tristeza é a única proteção possível contra todas as dores do mundo, quando a ironia ácida começa a mostrar suas patas escorregadias, gosmentas e frias, quando o universo mostra finalmente a crua cara do abismo, quando a realidade é a mesma decepção frustrada de sempre e o Reino Das Águas Claras virou estado autoritário, quando do fundo do meu coração eu tenho um estranho apetite por desgraças horrendas de grande destruição, quando todas as possibilidades de alívio foram desesperadamente testadas e reprovadas, assim do nada, sem lógica, razão, sem fazer o menor sentido, da vitrola me chega uma canção, aquela canção que vai me salvar a vida do amargor de tudo. A minha orelha é a melhor parte de mim.

1 comment:

maray said...

não conheço pessoalmente tua orelha, mas acho que tua orelha ( todas elas, de todo mundo) é como o papel, que aceita tudo. A gente (menos os surdos) ouve qualquer coisa, mas é o coração que aceita ou não aquilo que ouviu. Ou a razão. No teu caso, acho que o coração. Que é mole igual manteiga, certo?

bjs