Wednesday, November 13, 2013

    Eu não ia dizer nada. Ia fingir que nem notei. E ainda acho que teria sido melhor mesmo. Mas o falatório é grande, a expectativa enorme e eu não consigo calar a minha boca infeliz:
   A Elis virou um musical, ou melhor, A musical. Faz décadas que o teatro carioca vive de cadáveres cantantes, garantia certa de bilheteria rica pros cofrinhos da galera. E, no caso da Elis, o cofrinho provavelmente vai ser enorme, já que a verdadeira seita religiosa que a envolveu depois de morta parece nunca parar de crescer, Igreja Universal do Reino da Pimentinha. Ajoelhe-mo-nos todos nesse altar.
   Essa indústria do musical MPB, já rendeu "homenagens" de todo tipo, de Nélson Gonçalves a Cazuza, de Gonzaguinha a Tim Maia.  Já rendeu também cinebiografia de dupla sertaneja e nos ameaça com a promessa de um longa metragem narrando a surpreendente vida de uma tal Joelma. Cabe de tudo nesse mercadão de emoções baratas. Ainda bem que Roberto Carlos, o déspota não esclarecido, não admite esse tipo de coisa, não gosta de dar detalhes. Bethânia não se manifestou sobre biografias, mas alguém já deve estar pré produzindo o espetáculo musical O carcará sanguinolento(pega, mata e come). Oremos um pouco mais.
   Claro que a Elis é um caso especial nesse cenário, como sempre foi na cena musical brasileira. E, pelo que ando lendo e vendo, vai ser um enorme sucesso. É exatamente aí que mora o grande perigo. Elis nunca foi unanimidade. Mas está virando. Deixando de ser a criatura atormentada e complexa que era e se tornando um fantasma do fantasma de si mesma. A voz da Elis nunca foi coisa simples, a vida da Elis nunca foi careta e tola. Ela sempre se arriscou, topou as paradas mais cabeludas e cometeu erros estrondosos. E acertos espetaculares. Sem que isso afetasse sua genialidade.
   Agora Nelson Motta e Denis Carvalho decidiram acender as velas. Alô alô Marciano!
Ps. ninguém aguenta mais O bêbado e a equilibrista. Nem Maria Maria.

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