Eu preciso não me esquecer da importância e da função das criaturas contrárias,
aquelas que não gostam nunca de nada absolutamente nada do que eu gosto, seja
música, literatura, cinema ou gastronomia e que jamais perdem uma oportunidade
de discordar e demonstrar a desimportância e a banalidade dos meus gostos.
Esses seres opostos, eternas criaturas contrariadas, pedrinhas irritantes em
sapatos alheios, existem pra me ensinar paciência e pra fortalecer meus pontos
de vista me pondo em cheque e me questionando o tempo todo. Sim, porque se eu
digo que gosto de chocolate leitoso e a criatura se escandaliza e desaprova, eu
imediatamente me lembro de todos motivos e todas as razões que me levam a gostar
de chocolate leitoso. E por isso tenho o meu gosto fortalecido, justificado,
melhor entendido.
E, como as tais criaturas
desaprovadoras de tudo tendem a se alimentar da importância que os outros lhes
dão, é bom que cuidemos de sua dieta e não as deixemos engordar e tomar muito
espaço à nossa volta. Agora, o que no fim das contas as leva ao
desespero, mesmo, é o fato muito simples e básico de que gente discordando não tem a menor importância quando
você sabe quem você é e do que você gosta. E não precisa se justificar
pra ninguém além de você mesmo. E é por isso que as irritantes criaturas dos
avessos vão ficando cada vez mais insignificantes. E ainda mais do contra. Por
pura falta de opção, já que concordar lhes contraria a natureza
impertinente.
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