Thursday, January 05, 2012

Eu gosto de marcadores de livros quando velhos, gastos, arranhados. E de uns cheiros inconfessáveis. Gosto do gosto metálico  do medo na ponta da língua trêmula e do mais salgado dos suores antes de se dissolver aquático na saliva. Do toque do couro no algodão das meias, da tensão de veias saltadas entre o tecido muscular e a aridez de pele rústica. Da sensualidade dos peixes de água doce. Do barulho do fogo devastando folhagens, de ruminar pastosos cascas e sementes de frutas. Da impossibilidade dos desejos correspondidos. Da textura ressecada das lixas, do Martirológio Romano, do exato momento em que os trapezistas livram-se do trapézio. Vinho tinto, peles morenas, perfumes baratos.

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