Sunday, October 11, 2009

A minha vida até aqui tem sido um aprendizado falho. Um aprendizado dificil, doloroso, em alguns momentos cruel. Eu vou desistir de fazer gênero e fingir que não ligo, que não me deixo atingir. Eu sofro. Pra caralho. No fim de todas as contas, eu vivo perambulando por esse planeta cansado, e não tinha percebido que não importa se é Petrópolis, Curitiba, Cabul, Niterói ou New York. Que eu vivo mesmo é na margem do mundo, de fora, de longe, o outsider absoluto. Uma ferida aberta. Um buraco. Vácuo.
Eu sou uma ausência. De cuidados, de carinhos, de quem me pegue pela mão, cuide de mim, sussurre nos meus ouvidos que tudo vai dar certo, que o mundo é um lugar bom, que é preciso calma, que as pessoas todas ainda tem esperança, que o ser humano é essencialmente uma criatura do bem, apesar dos horrores. De alguém que me cante canções felizes me segurando nas mãos, um cafuné na cabeça, uma saída, way out, escape, anestesia.
Eu ando cansado de andar por aí assim Alice no País das Maravilhas, desviando o olho do feio, do detestável, do ruim. Cansado de fingir, inventar desculpas, justificar.
Eu preciso urgentemente de sinais, de fumaça, nas cartas do Tarot, nos discursos do Buda, macumba, candomblé, Lady Gaga, Britney Spears. Sinais de que tudo vai valer a pena, de que o tempo vai fechar as feridas, aliviar as dores mais lancinantes, tirar essa carga de chumbo dos ombros. De que qualquer dia a gente se esbarra, assim sem querer pela rua e de que é bem capaz da gente se reconhecer, meu irmão. Na dor. E a dor, meu irmão, quem sabe até passar.

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