Monday, August 08, 2011

Eu ia ao cinema depois do trabalho ver o Ewan MacGregor em Beguinners, mas mudei de ideia quando chequei o noticiário e vi que aqui do lado, em Hackney, a porrada comia solta entre a polícia e o povo nas ruas, com carros em chamas e muita ferocidade solta. Achei melhor voltar pra casa antes de correr o risco de sabe-se lá. A cena na Bethnal Green Road, no caminho da estação do metrô pra casa, era triste e tensa, com gangues de adolescentes com máscaras nas caras e pedras e paus nas mãos, prontas pro quebra-quebra(que afinal não aconteceu por aqui) e de atitude ameaçadora e caras raivosas. Os supermercados e lojas fechados, outras lojas de portas meio abertas. E muita gente tensa pelas calçadas. Uma tensão enorme no ar, qualquer olhar mal interpretado podia ativar a violência. Eu voltei pra casa com medo e triste. Porque essa cidade não merecia. Mas era inevitável e só não percebeu quem não quis. As tensões sociais em certas áreas são mesmo muitas, a polícia é de uma incompetência vergonhosa no contato com a população pobre e marginalizada e os cortes do governo nos projetos sociais também contribuem pro clima de desesperança. E o East-End, que eu tanto amo, ficou assim triste e machucado. E essas feridas vão demorar pra cicatrizar. Lamentável. Pra dizer o mínimo.

Ps. E isso foi apenas o começo de uma noite em que a cidade não vai conseguir dormir. A violência e o Caos se espalharam por toda parte como praga. Uma verdadeira vergonha e uma polícia completamente despreparada. As cenas no noticiário são horrendas e parecem que vão continuar noite a dentro. E uma gang com paus e pedras atacou os flats aqui no térreo quebrando janelas. Nada muito grave, mas assustador. Eu vou tentar dormir, apesar das sirenes ensurdecedoras da polícia lá fora, esperando que amanhã seja um dia melhor pra essa cidade.

3 comments:

andrea dutra said...

oh, my god!

Trumbuctu said...

Também acho, que isso é só o início (como foi em França). Há cada vez mais pessoas que nada mais têm a perder. E não se pode esperar outra coisa; depois do que globalmente se anda a fazer pelo mundo com especulação financeira e o rasto de clivagens sociais que ela deixa.

maray said...

a violência é uma coisa que a gente não sabe bem como começa nem quando termina. A gente acha que conhece o ser humano mas o ser humano em grupo é outra coisa. Reage diferente do individual, como um godzilla formado por infinitos pedaços. Muito cuidado, Júlio!

Um abraço